
Todos sabem que sou grande admiradora dos livros de José Eduardo Agualusa. Aos que não sabiam, passam a saber agora. Li todos. Na verdade, quase todos. Faltou um de poesia, publicado há trinta anos, que nem o autor tem.
Assim que ele anunciou em seu perfil do Instagram que seu mais novo livro estaria disponível para compras em breve, reservei meu exemplar de Os vivos e os outros.
Edição cuidada pela Quetzal, encontrei apenas um erro de digitação (normalmente existem mais, escritores e editores sabem do que falo). Já pela capa percebi o que o autor anunciava há meses sobre o romance: a ponte, incerta, cai ou não cai, deixava subentendido o clima de fim de mundo na Ilha de Moçambique. Trata-se de um festival literário, evento tão comum atualmente, que ocorre naquela ilha e reúne escritores africanos.
Para os leitores mais aficionados, a parte mais divertida da leitura é associar as personagens a autores da realidade. Apontarei apenas um, os outros ficam para que vocês descubram: Uli,com sua voz doce que faz com que as mulheres peçam para os maridos, na cama, tentarem imitá-la, é uma transposição muito clara do Mia Couto para as páginas de Os vivos e os outros.
O realismo mágico marca presença, sim, mas não vamos ficar presos a esse detalhe. Afinal, parece que estamos vivendo uma realidade mágica neste momento. E na obra de Agualusa é assim que o realismo mágico aparece muitas vezes. Tão incrível e real que custa a acreditar que não é ficção.
Ou que é.
Portanto, indico, reindico, e indico novamente o melhor livro de José Eduardo Agualusa que já li. E repito que já li todos. Melhor que os badalados Teoria Geral do esquecimento (2012) e O vendedor de passados (2004). Com uma aproximação ao romance A vida no céu (2013), desfeita nas últimas páginas. Imperdível.
Os vivos e os outros, José Eduardo Agualusa
Quetzal, 2020
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